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DAS SOMBRAS DA MALDADE AO FOGO DO AMOR - Batalhas em campo, Batalhas no coração

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Xena sai em disparada pelo corredor que dá acesso ao pátio, bufando de ódio, o exército  que estava agora nos seus portões havia a tirado de um momento  que nem ela mesma sabia que queria tanto. “Pelos deuses, a boca daquela mulher vai me enlouquecer”. Xena sabia que se desenhou muito  antes do tempo  a batalha pela qual esperava. Foi em direção  ao  quartel de seus generais mesmo sabendo que entre eles estava aquele que tentava entregar sua cabeça a Batios.

Xena entra no recinto aos berros:

- Estou mesmo cercada de incompetentes, os muros de Corinto sendo atacados e meus homens dormindo, levantem seus molengas!

Na sua frente se materializa Nereu, que tinha susto aparente e nem tempo teve de falar, pois foi arrastado pela mulher.

Xena não queria que todos ali soubessem o que ela tinha em mente, já que considerava traidor aquele que a pouco frequentou sua cama, seu general Lugo. Afastando-se dali Xena repassa a Nereu uma ordem que jamais ele imaginou receber:

- Suba ao andar de cima do castelo, guarde a porta do meu aposento, e se algo aqui  der errado, você é responsável por sair do castelo levando Gabrielle para minha Cabana que você sabe bem onde fica.

Nereu estava pasmo, ninguém além dele e Xena sabiam da residência da conquistadora que ficava afastada ao sul de Corinto, era uma cabana de veraneio.

- Pelos deuses, Xena, a escrava? O que é que eu vou...

- Cale a boca, imbecil! Será que uma vez na vida você não consegue ouvir uma ordem e não questionar?

- Xena, eu nunca deixei você enfrentar um exército sem estar ao seu lado, e eu acho...

- Escuta aqui, você não deve achar nada, agora vá e proteja-a como sempre fez comigo, estou saindo  pelo estábulo para fora dos muros, ordene ao General Lugo que ponha os falcões e todos os meus homens em formação em frente a Corinto, os arqueiros os manterão longe tempo suficiente  pra eu destripa-los.

- Você não pode ir sozinha, senhora conquistadora! - Grita Nereu sozinho no meio do pátio enquanto vislumbrava Xena sumir na penumbra.

Xena sai pelo estábulo até alcançar sua égua e sair em disparada pelo acesso do seu estábulo particular, o plano da guerreira  era surpreender Batios por traz, sabia que a retaguarda do exército  estaria desguarnecida, pois os homens mais fortes estariam na dianteira onde imaginavam que ela estaria.

Xena sabia o quanto perigoso era o que ela pretendia, tinha uma motivação que nunca houvera, queria como nunca terminar uma batalha e esse desejo não era comum, gostava do cheiro do sangue, ela queria voltar pra casa, queria voltar e encontrar sua escrava loira que estava despertando nela sensações desconhecidas e que traziam a superfície da fria mulher uma Xena que jamais existiu.

Batios havia organizado um contingente grande de homens dispostos a conquistar Corinto, para o líder daquele exército o que interessava era matar a conquistadora, e ser dono de tudo que a ela pertencia, orientava pessoalmente seus homens e estava no  meio de dezenas deles montando em seu negro cavalo e tinha a certeza que sairia vitorioso, pois já era conhecedor  da estratégia da guerreira, sabia que ela viria com o contingente de frente dos falcões abrindo caminho  e deixando os flancos livres, cometeria assim o erro que o exército que guardou Corinto cometeu e o perdeu para Xena. Batios carregava um largo sorriso  junto com a coragem  frente aquela batalha.

Dentro daqueles muros um misto de pavor tomava conta de uma pequena sombra que agora estava impaciente andando de um lado para outro no recinto restrito da senhora do mundo conhecido. Os verdes olhos de Gabrielle agora miravam a formação perfeita do exército de Xena fora dos muros de Corinto...

“O que essa mulher tem? Esses homens entregam sua vida pela dela.”

Gabrielle olhava tudo com fascínio, mas aqueles olhos procuravam alguém no meio daquela multidão que agora se enfrentava...

“Cadê ela?”

Gabrielle se sentia tão confusa em relação a si mesma e ao que sentia e a como se sentia na presença da temida mulher.

“Deuses, Gabrielle, você não pode permitir que a presença dela te agrade, ela é o demônio do mundo... Mas, humm... O que a boca dela me causa quando toca a minha... Aii... deuses, e a ternura nos olhos... Ela não é má, não comigo... Volta...”

Os pensamentos de Gabrielle foram  interrompidos pela abertura das portas do aposento da conquistadora. Gabrielle encontra no olhar de Mira a mesma inquietação que mantinha nos seus, a segurança que  garantia os muros de Corinto a muito não sabia o que era confronto.

- Menina, Nereu  passou pela cozinha e mandou que lhe trouxesse algo pra comer.

- Eu não tenho fome...
- Não fica preocupada, menina, Xena sabe muito bem se cuidar.

- Eu não estou preocupada com ela, hum, é que me preocupo de  invadirem aqui.

- Ahahah! E a quem pretende enganar? Só se for a você mesma... Xena se importa com você tanto quanto você com ela, vocês ainda só não se deram conta do que está acontecendo.

- O que você quer dizer com isso? - Perguntou Gabrielle com certo espanto.

- Vocês estão  claramente apaixonadas uma pela outra, ou você acha que a Xena deixa ordens expressas de cuidados a uma escrava quando vai a uma batalha? Ouça menina, Xena desde que eu a conheço não se importa com nada e nem ninguém, e com você isso não se aplica, deixou o melhor de seus homens de sentinela na porta desses aposentos para guardar sua segurança, e está lá fora no meio desse tártaro, mas pensou em  você e  em mais nada.

- Mas eu não...

- Somente escute menina, cuide disso que despertou nela, e não se culpe por sentir o que sente.

 Mira depositou sobre a mesa da antecâmara a bandeja com todas as variedades de comida que serviria a conquistadora. Xena fora clara em suas ordens antes de partir.

Além da comida, Mira havia deixado para Gabrielle mais um turbilhão de confusões.

“APAIXONADAS?! Isso não é amor, eu só gosto de estar com ela, perto dela, de... Hummm, sentir os lábios dela, deuses como é bom, deuses dá vontade de por os lábios em cada pedacinho daquele corpo, isso não é amor. Ou é?!”

Havia se passado várias marcas de vela desde que Xena partiu, estava longe  dos muros de Corinto e carregava nos olhos a fúria de 1000 homens, odiava aquela situação de se ver acuada e iria mostrar a todos mais uma vez quem era Xena, a imperatriz da Grécia. Não tardou muito até que ela chegasse ao ponto que tinha em mente, olhava toda a batalha desenhada a sua frente, seus homens haviam cercado o palácio e protegiam os portões de maneira a empurrar o exército de Batios justamente para traz forçando-os a recuar. Um sorriso formou-se nos lábios da guerreira quando sua lembrança se volta a pequena escrava...

Avistando a um homem forte no meio de toda aquela tropa Xena solta as rédeas de Argo e parte em disparada para o centro do conflito. Não tardou  muito e o que se ouvia no campo era gritos de horror, e o barulho vindo  dos choques das espadas, corpos cedendo ao chão e na escuridão da noite os pálios olhos encontravam a morte nas espadas de Xena que lutava com uma fúria nunca vista.

O alvo de Xena era um só, Batios e seu próprio general Lugo que tinha certeza estar disfarçado na batalha fingindo um objetivo contrário ao do homem que ousou a atacar. Abriu caminho e já não era possível contar quantos caíram frente a sua espada, estava ela próxima ao seu inimigo e soltando seu grito de guerra alarmou o homem  e o mesmo voltou-se para olha-la.

- Ora, ora... Veja quem está aqui... Se não é a puta que se denomina imperatriz da Grécia...

- Batios, certas coisas mudam, outras não, você continua sendo o mesmo imbecil de sempre, e eu agora sou uma puta muito melhor do que a você conheceu.

E parecia que o mundo estava mais lento, Xena e Batios travam uma luta tão feroz, o que estava em jogo  era muito para ambos, para ele a vingança e o prazer de destruir aquela que um dia o entregou pra morrer, para ela valia muito mais que seu reino, valia mais tudo, valia a chance da vida que agora ela começa a enxergar que podia ser boa...

Não se pode precisar quantas marcas de vela se passaram desde que o embate havia se desenhado. Sob o cavalo, Xena ainda parecia imponente, seu corpo banhando pelo suor, alguns arranhões pelo corpo, um pequeno corte no braço e lutando com ela o forte homem parecia muito perto de não aguentar, tinha cortes profundos nos braços e pernas e resistia aos golpes ainda com firmeza quando por um relance um golpe certeiro da conquistadora acerta em cheio o tórax do homem que imediatamente cai de costas do cavalo ao qual montava. Com um salto mortal, Xena pararia em cima do homem, mas antes disso  a ponta da espada acerta sua coxa rasgando fundo a carne da morena. O grito de Xena pode ser ouvido em todo o campo, mas aquilo não a impediu de ferir as entranhas daquele homem caído rasgando-o com toda raiva que tinha em si.

Xena mesmo ferida pulou sobre sua montaria após amarrar na cela de sua égua o corpo de Batios, arrastou o homem já quase sem vida por dentre seu exército onde foi  ovacionada por seus homens. A luta cessou  no momento  em que o líder contrário a Xena desmontou em solo praticamente morto, os homens de Batios se renderam aos soldados da conquistadora mesmo que em maior número. Xena arrastou o homem com um prazer imenso de saber que mais um que se levantou contra si agora serviria de exemplo, mas ainda não estava em nada satisfeita, queria Lugo, mas devia ceder ao descanso que seu corpo pedia, faria dele exemplo dentro dos muros de Corinto tão logo voltasse...

Xena mandou um de seus emissários ao palácio com ordens expressas de passar a Nereu um pergaminho com seu selo, escrito por ela mesma apoiada na sela de Argo após prender Batios antes de arrasta-lo.

“Meu general e amigo, tudo aqui saiu como imaginei. Antes de sair de Corinto, deixei a você a missão de cuidar de um bem que me faz muito bem. Lembra-te do que eu te pedi, faça como orientado. O motivo agora é muito melhor, leve-a até mim em segurança”.

                                                                                                                                             XENA





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